Ei, fique atento: os perigos da automedicação são reais e podem gerar sérias complicações para a sua saúde. As informações a seguir sobre Ácido Acetilsalicílico (AAS) não substituem o acompanhamento cuidadoso do médico e do farmacêutico no tratamento.
Por muitos anos, o Ácido Acetilsalicílico (AAS ou a popular “aspirina”) se mantém na lista dos remédios mais vendidos no país, seja como princípio ativo único ou em combinação com outros fármacos.
Ele também é muito lembrado como o famoso “AAS infantil”, tomado por muitas crianças como “balas” quando os pais não estavam em casa. Nos dias de hoje, é comum conviver com ao menos um familiar de mais de 40 anos que faz uso contínuo do medicamento.
Mas afinal, o que é o AAS? Para que serve? Como funciona a utilização diária? No presente artigo, elaboramos um guia com as principais informações e dúvidas sobre o assunto. Vem conferir!
O ácido acetilsalicílico é um anti-inflamatório do tipo não hormonal. Como todo medicamento da classe, tem ação analgésica e antitérmica.
Vale acrescentar que o AAS também conta com outra propriedade importante: não deixar que as plaquetas do sangue se “grudem” umas nas outras.
*Tira-dúvidas*: as plaquetas são estruturas de células que têm como função conter sangramentos no organismo, mas que também podem causar trombos (tais como os que causam AVCs).
Mais comumente, o AAS pode ser usado para abaixar febres ou aliviar dores, como a dor de cabeça.
Devido à sua capacidade de “afinar” o sangue, atualmente também é utilizado (em doses mais baixas) para prevenir doenças do coração e dos vasos sanguíneos, tais como infarto e derrame. Nesses casos, é indicado para pessoas com maior risco de desenvolver tais eventos e para aquelas que já passaram por essas intercorrências, visando evitar um novo episódio.
É importante destacar, ainda, que o Ácido Acetilsalicílico também é utilizado para prevenir a formação de coágulos/trombos nos casos em que há uso de válvula no coração (biológica ou mecânica) ou stent (aparelho posicionado no vaso para garantir a passagem do sangue) nas artérias cardíacas/carótidas.
Outras possíveis indicações do medicamento são:
Como você deve ter percebido até aqui, o Ácido Acetilsalicílico pode ser encontrado sob os mais diversos nomes nas farmácias, tais como:
É sempre importante lembrar que os medicamentos similares e os genéricos têm o mesmo princípio ativo do medicamento de referência. Eles também possuem as mesmas indicações, passam por igual licenciamento da ANVISA e testes e, portanto, são equivalentes ao medicamento de marca!
O AAS atua ao bloquear as enzimas (um tipo especial de proteínas) que produzem prostaglandinas, substâncias que levam à inflamação e ajudam a formar inchaços, aumentando a sensibilidade à dor e outras ações.
O medicamento também bloqueia a produção de um tipo específico de prostaglandina (“tromboxano”) que, como o próprio nome sugere, está ligada à formação de trombos por promover a união das plaquetas.
Como todos os medicamentos, o Ácido Acetilsalicílico pode causar reações adversas, embora elas não se apresentem em todas as pessoas.
Entre os eventos adversos mais comuns, estão a leve indigestão e a maior facilidade de surgimento de hematomas/pequenas lesões pelo corpo, além da maior tendência a sangramento.
As reações adversas mais graves são mais raras e podem envolver:
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A Sociedade Americana do Coração e o Colégio Americano de Cardiologia recomendam que adultos entre 40 a 70 anos que apresentem um risco maior que 10% de desenvolver alguma doença cardiovascular (como infarto e derrame) façam uso contínuo de AAS em doses baixas (75-100mg) como prevenção primária.
É importante destacar que esse risco deve ser baseado em avaliação médica e no cálculo do risco cardiovascular, que considera fatores como pressão arterial, colesterol e gênero.
Por outro lado, a administração do AAS como medida preventiva não é recomendada para idosos com mais de 70 anos. A exceção são aqueles que já sofreram um episódio de infarto, AVC ou obstrução grave em vaso sanguíneo: nessas situações, o uso contínuo é necessário e indicado para prevenir um novo evento.
*Vale destacar: nesses casos em que já ocorreram eventos prévios, a medicação é indicada para prevenção secundária, uma recomendação para todas as pessoas com histórico de determinados problemas, salvo as contraindicações.
Para pessoas com risco aumentado de sangramento, a recomendação de uso contínuo deverá passar pela avaliação criteriosa de um médico (que poderá não receitar o AAS para tais pacientes por segurança).
Entre essas pessoas com maiores chances de sangramento, podemos citar as que se encaixam nos quadros de:
Se você faz uso do AAS como analgésico todos os dias ou com bastante frequência, o indicado é buscar um médico para investigar a origem da dor e avaliar outros tratamentos. Isso porque o remédio não é indicado para uso contínuo com o objetivo de aliviar a dor, demandando doses mais altas para essa finalidade do que para proteção cardíaca (500 a 1000mg).
Os anti-inflamatórios não esteroidais são medicamentos seguros, mas recomenda-se seu uso contínuo por cerca de 5 a 7 dias. Após esse período, o bloqueio da produção de prostaglandinas pode fazer mal, uma vez que além de ajudar na inflamação, esses hormônios desempenham outros papéis importantes, como garantir que a quantidade de sangue adequada chegue aos rins.
*Fique atento: o uso dessas doses mais altas por muito tempo pode levar a uma insuficiência renal aguda ou até crônica, assim como gastrite e úlcera no estômago (por diminuir a produção do muco protetor que reveste este órgão).
Como mencionamos há pouco, o uso regular de anti-inflamatórios como o Ácido Acetilsalicílico (AAS) pode diminuir o muco que protege o estômago do excesso de acidez e levar a sangramentos no interior do órgão.
Como no envelhecimento ficamos mais expostos às reações adversas dos medicamentos, o médico pode avaliar e julgar necessário associar o uso de Omeprazol ao AAS em idosos.
*Vale lembrar: no caso do Omeprazol, a recomendação é tomá-lo em jejum e aguardar de 30 a 60 minutos para fazer a refeição.
Não. A Dipirona é um princípio ativo e o Ácido Acetilsalicílico é outro. Esses dois fármacos nem mesmo pertencem à mesma classe terapêutica, sendo a Dipirona um analgésico e o AAS um anti-inflamatório não- esteroidal.
O Paracetamol é um analgésico específico, possuindo uma molécula própria. Já o Ibuprofeno é um anti-inflamatório da mesma classe do AAS, mas é um princípio ativo diferente dele.
Nesse caso, pode ocorrer uma reação alérgica chamada de “reatividade cruzada farmacológica” entre os medicamentos, assim como outros remédios da classe dos anti- inflamatórios não esteroides - ou mesmo com o próprio Paracetamol.
No entanto, este não é um evento frequente e está associado ao uso de doses mais altas de AAS (maior que 4 g/dia).
Caso tenha alergia a qualquer anti-inflamatório, consulte um farmacêutico ou médico antes de iniciar o uso do AAS.
E então, tirou suas dúvidas sobre o Ácido Acetilsalicílico (AAS)? Esperamos que tenha gostado do artigo!
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